Assim como nas demais regiões do Brasil, no Paraná os negros foram escravizados. Os primeiros registros da chegada deles no Paraná são do século XVII, quando foi descoberto ouro na Serra Negra, perto do litoral. A chegada de mineradores impulsionou o tráfico de escravos negros para o território do Paraná. A população paranaense, segundo dados de 1798, no primeiro quadro global com informações sobre Antonina, Guaratuba, Paranaguá, Castro, Curitiba, Lapa e São José dos Pinhais, ou seja, localidades que existiam naquela época, era de aproximadamente 21 mil pessoas, das quais 4,2 mil eram negros cativos. No ano de 1830, a população do Paraná havia subido para 36,7 mil pessoas e o número de escravos era de 6,2 mil. Castro, na Bacia do Tibagi, era uma das vilas mais escravistas, com 26,9% da população compostas por escravos em 1830. Já em Ponta Grossa, que na época era uma freguesia subordinada a Castro, esse número era de 19,1% e em Palmeira eram 31%, no mesmo ano.
Na região do Rio Tibagi, ainda que a presença dos negros seja constante e o uso da mão de obra escrava tenha sido permanente na colônia e no império, podemos destacar dois momentos. Na época do tropeirismo, as fazendas tinham como uma das principais forças de trabalho os escravos negros. Os homens cativos realizavam as atividades associadas aos animais e as mulheres eram responsáveis pelo trabalho doméstico. O contingente de negros na região era significativo. Para se ter uma ideia, a cidade de Tibagi, tinha na sua época de fundação, no século XVIII, os negros como um dos principais grupos componentes da população, além de indígenas e descendentes de europeus. Os negros na cidade de Tibagi eram procedentes de fazendas escravocratas da cidade, além de outras cidades como Castro e Ponta Grossa.
Os negros que compõem atualmente a população da Bacia do Tibagi também vieram para a região devido ao processo de mineração, com a descoberta e exploração de diamantes no Tibagi. Isso ocorreu mais intensamente a partir de 1912, quando considerável quantidade de negros veio de garimpos do interior da Bahia para a cidade de Tibagi em busca de diamantes que estavam no rio. A relação dos negros com a terra pode ser destacada atualmente pela forte presença de comunidades quilombolas nas nascentes da bacia. Essas terras são ocupadas por povos remanescentes das comunidades dos quilombos, grupos étnicos que se auto definem desta forma a partir de suas relações específicas com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias. Em Castro, são quatro comunidades: Serra do Apon, Mamãns, Limitão e Tronco. Já em Ponta Grossa são três: Santa Cruz, Sutil e Sete Saltos.