Além dos imigrantes europeus que chegaram ao Paraná, um movimento importante que ocorreu no final do século XIX e durante boa parte do século XX foi a migração de moradores de outros locais do Brasil com o objetivo de colonizar o território paranaense. O local hoje conhecido como Norte Pioneiro, à direita do Tibagi, foi a primeira região a atrair principalmente paulistas e mineiros. Durante o século XX, com a expansão do café, muitos migrantes compraram terras na região do chamado Norte Novo, à esquerda do Tibagi. Venha comigo conhecer um pouco mais sobre essa parte importante da história do Rio Tibagi.
Os fazendeiros mineiros e paulistas chegaram ao Norte do Paraná por meio do curso do Rio Itararé, afluente do Paranapanema. Na margem direita do Tibagi, esses fazendeiros instalaram as primeiras plantações de café, na região que hoje é conhecida como Norte Pioneiro. Esses fazendeiros adquiriram terras diretamente do governo do Estado do Paraná, de antigos posseiros ou de empresas que atuavam na região. Muitos municípios do Norte Pioneiro foram criados nessa época. Esse tipo de ocupação na margem direita do Rio Tibagi durou até por volta da década de 1920, quando empresas privadas começaram a arrendar terras e atrair colonos para a margem esquerda do Rio Tibagi. Vamos conhecer essa outra etapa da migração.
Algumas empresas receberam concessões do governo do Paraná, interessadas na fertilidade da terra do norte do estado. Em 1916, as empresas Corain e Cia e Leopoldo de Paula Vieira foram as primeiras a chegarem à região e tinham como sede as cidades de Primeiro de Maio e Sertanópolis. A maior das concessões foi feita em 1927 à Paraná Plantations Limited, com sede na cidade de Londres, na Inglaterra, e que aqui formou a empresa Companhia de Terras Norte do Paraná. O representante da empresa, Lord Lovat, percebeu que as melhores terras ficavam entre os rios Paranapanema, Tibagi e Ivaí. Essa iniciativa trouxe grande número de colonizadores que deixaram a região densamente povoada. Havia muita propaganda sobre as terras do norte paranaense, principalmente em São Paulo e Minas Gerais. A companhia prestava assistência e transporte para os colonos. Paulistas, nordestinos e mineiros se assentaram nas terras e fizeram a população do Paraná crescer de 1,2 milhão em 1940 para quase 7 milhões em 1970.
Um fator importante na região para atrair os colonos foi que o Paraná não colocava limites de cotas para a produção de café, o que acontecia em São Paulo e Minas Gerais, pois se produzia mais do que o mercado externo comprava. O café tornou-se um motor para a economia paranaense e a região foi considerada a maior produtora de café do Brasil até 1960. Com atividades de suporte aos cafeicultores, houve também o crescimento de várias cidades, o que também criou a necessidade de ligação entre as cidades e o litoral. Com isso, o interventor Manoel Ribas investiu na construção da Estrada do Cerne (também chamada de PR-090) na década de 1930. Além do café, ocorreram outras iniciativas econômicas ao longo da bacia do Rio Tibagi. Uma delas foi o investimento em celulose por meio da indústria Klabin. Isso ajudou a dar origem ao município de Telêmaco Borba, em 1964.