Desde a chegada de meu avô, D. João VI, em 1808 junto com toda a Família Real ao Brasil, foi incentivada a vinda de imigrantes europeus para cá. Eram criadas políticas de estímulo para a vinda dos imigrantes. Com a emancipação política do Paraná em 1853 (que antes fazia parte de São Paulo), o governo paranaense buscou atrair imigrantes (dedicados ao trabalho familiar sem escravos) com a criação de colônias agrícolas próximas aos núcleos urbanos já existentes e, dessa forma, ocupar grandes territórios. A diminuição do tropeirismo aumentou essa tendência. As primeiras experiências de destaque se concentraram nos arredores de Curitiba e logo as ocupações chegaram aos Campos Gerais. Vamos conhecer dois grupos de colonos que chegaram por aqui: os alemães do Volga e aqueles que fundaram a Colônia Santa Cecília.
Durante meu reinado, uma comissão russa veio ao Brasil e visitou os Campos Gerais, no Paraná. Eles escolheram Ponta Grossa, Palmeira e Lapa para instalar suas colônias. Os russos que chegaram nessas regiões eram conhecidos como “Alemães do Volga”, pois eram de origem alemã e habitavam colônias às margens do Rio Volga, que atravessa a Rússia. As terras em que eles se instalaram no Paraná foram compradas pelo governo para instalar os colonos e não formavam núcleos concentrados. Não foi uma experiência muito positiva esta com os russos. Muitos abandonaram as terras, pois a produção nem chegava a sustentar os colonos. Com isso, os russos ocuparam-se de outras atividades, principalmente condução de carroça na produção de erva-mate.
Em 1890, pouco depois que deixei o cargo de Imperador do Brasil, um grupo de italianos decidiu formar uma comunidade anarquista, a Colônia Cecília, nas terras que hoje pertencem à cidade de Palmeira. Anarquismo é uma ideologia que defende a igualdade e a liberdade e repudia qualquer opressão, inclusive a opressão do Estado sobre o povo. Na colônia, havia uma casa comunitária, chamada Casa do Amor, onde ocorriam reuniões e refeições coletivas. Em seu auge a colônia chegou a ter 250 pessoas. Tudo o que era ganho pelos membros era colocado em uma lata de metal, o fundo comum. Apesar da iniciativa, havia dificuldades de cultivo no solo onde estavam, o que fez com que muitos membros da comunidade procurassem trabalhos fora da colônia para a subsistência da mesma. A colônia chegou ao fim em 1894. Nem por isso seus membros a consideraram um fracasso, pois, desde sua fundação, o objetivo era que fosse um laboratório do anarquismo.