Em minhas viagens pelo Paraná, relatei a vida nas fazendas que eram baseadas no tropeirismo. Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, entre o fim do século XVII e começo do século XVIII, a mineração no Paraná diminuiu e as populações do vale do Tibagi encontraram na pecuária e agricultura alternativas de subsistência. Como em Minas Gerais havia pouca produção de alimentos e o trabalho tinha como prioridade a extração de metais preciosos, o fluxo de alimentos do Sul para o Sudeste foi de grande importância. Foi criado um caminho entre Viamão (RS) e Sorocaba (SP), que passava pelo Tibagi, por onde viajavam os tropeiros, responsáveis pelo transporte de mercadorias. Muitos pontos de passagem se expandiram no caminho das tropas. As fazendas eram baseadas na relação senhor-escravo. No século XIX, mesmo com a queda da mineração no sudeste, o tropeirismo continuou tendo importância para o transporte de mercadorias.
Essas terras, as fazendas, pertenciam a homens ricos de São Paulo, que deixavam a administração aos fazendeiros, funcionários de posição social intermediária. Dentro das fazendas, havia outros agregados: feitores, capatazes, e capangas, por exemplo. O escravo podia ser um indígena ou um africano. Os casamentos entre escravos eram estimulados para reforçar o laço com as fazendas e fazer as famílias de escravos crescerem (o que diminuía o custo com a compra de escravos). As fazendas possuíam toda a estrutura para atender aos tropeiros que estavam de passagem: espaço para guardar cavalos, bovinos e muares (mulas), para alimentação dos animais, fornecimento de sal, entre outros. Nas minhas viagens pela região, registrei a rotina nas fazendas. Percebi, por exemplo, que, desde pequenos, os meninos eram ensinados a cuidar e dominar os animais.