Uma das maneiras de buscarmos referências sobre o passado é em diários, depoimentos de pessoas que vivenciaram uma determinada experiência. Esse é o caso da fonte que apresentamos abaixo. É um trecho da obra “Notícia da conquista e descobrimento dos Sertões do Tibagi – 1768-1774”, na qual Afonso Botelho (comandante das expedições) informou o resultado das expedições ocorridas nesse período à Coroa portuguesa.
Na época em que essa fonte foi escrita, foram organizadas expedições ao “Sertão do Tibagi”, para evitar que espanhóis se apossassem da região. As terras que hoje formam o Paraná, nesse período integravam a Capitania de São Paulo, por isso, seu governador foi responsável pela organização das novas expedições de cunho militar. O objetivo dessas expedições era o censo, instalação de povoações para ocupação efetiva do território e conquistar os nativos para que pudessem ser agentes aliados e atuassem na defesa das fronteiras.
Assim, vamos ver o que nos conta Afonso Botelho sobre a segunda expedição que saiu do rio Tibagi.
“A segunda expedição do descobrimento dos Sertões do Tibagi, entrou pelo Pôrto de S. Bento do mesmo Tibagi em vinte de julho de 1769.
Comandante o capitão dos auxiliares da freguesia de S. José, Estêvão Ribeiro Baião, capelão o reverendo frei Antônio de Santa Teresa do Espírito Santo, Religioso de S. Bento, conventual da cidade de S. Paulo. Constava esta expedição de setenta e cinco praças, gente de Curitiba e Campos Gerais. Entrou esta expedição pelo Pôrto de S. Bento do Rio Tibagi, encaminhando-se ao centro daquele sertão.
Seguindo o rumo de norte, e tendo atravessado grandes serras, e matos estéreis, se julgavam de todo sem esperança de alcançar caminho, que prometesse saída; e considerando perder-se a esquadra de Inácio da Mota, comandada pelo tenente Francisco Lopes, que se tinha apartado do corpo, procurando veredas por entre aqueles despenhados montes, voltaram estes com a notícia do rio, a que poseram o nome de D. Luís, e achando ser navegável, e o que se procurava, voltaram para onde estava o seu capitão, e mais corpo, de que houve muito gôsto, tanto pelas boas notícias, como pelos verem tendo-os julgado mortos. Logo o capitão mandou recolher as mais esquadras, que andavam explorando diversas veredas, principalmente a do padre capelão, que vendo não seguia o corpo por não ter achado caminho, se tinha resolvido a ir a uma esquadra pessoalmente animar a mesma diligência.
Logo que o capitão teve notícia daquele grande rio, e a gente junta, fêz endireitar a picada para êle abrindo caminho, aonde chegaram no fim de novembro daquele ano; e mandando fazer canoas, se embarcou o tenente Francisco Lopes da Silva, e o padre capelão com uma esquadra, que partindo no princípio de dezembro, e descendo pelo dito Rio de D. Luís, com vários sucessos no meio dele, onde faz barra um grande rio, a que poseram o nome Mourão, encontraram grandes laranjais e bananais, com o que mais animados prosseguiram a navegação até saírem ao Rio Paraná em seis de janeiro de 1770, descendo por êle abaixo. Reconhecendo a grande bôca das Sete Quedas voltaram, e tomando para outro lado, encontraram pelo Rio Iguatemi; foram dar à nova praça, que ali se fundou Nossa Senhora dos Prazeres”. Pg.8
1.Quando ocorreu a expedição e quem participou dela?
2.Ao ler a descrição eles chegaram a atingir o objetivo com a expedição?
3.Crie uma história em quadrinhos mostrando como você imagina, a partir do relato de Afonso Botelho, que foi explorar o “Sertão do Tibagi” no século XVIII.